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Filosofia da madrugada

Cá estou acordada até tarde de novo. Como, nesse momento, mais uma vez em minha vida me encontro desprovida de anotação na CTPS, estou portanto sem rotina, sem horário certo de acordar e dormir. Ultimamente ocupo meu tempo estudando para o CNU - concurso nacional unificado. Cargo: Analista Fiscal do Trabalho. Depois de anos resolvi tentar um cargo público, pela estabilidade, salário, ter finais de semana e feriado livres para aproveitar, descansar, fazer coisas que gosto, ter tempo e condições financeiras para mimar meus 11 gatos. Essa vontade surgiu enquanto trabalhava no atendimento ao público, sem folga em feriados, trabalhando finais de semana e aturando gente chata, sem tempo nem disposição pra nada. Minha vida era casa-trabalho-fisioterapia. Ao mesmo tempo que há sim, inegáveis vantagens no serviço público, tem também a questão do vinho. Pra onde vai tudo que estudei sobre vinho? Como ele vai se encaixar na minha vida? Faz sentido seguir estudando sobre vinho? Claro que essas ind

Vinho Verde não é verde!

     No que diz respeito à cor do vinho, existem três categorias: branco, rosado (ou rosé) e tinto . Verde não é uma opção, nem aqui, nem em Portugal, nem na China (eu acho). Muitos pensam, então, que o nome Vinho Verde é devido às uvas, usam uvas verdes , oras bolas! Também não . Até porque é proibido fazer vinho com uva que não esteja madura. Vamos lá. Vinho Verde é uma Denominação de Origem, uma região a Noroeste de Portugal onde se fazem vinhos brancos, rosés, tintos (sim, tem vinho verde que é tinto) e espumantes, com um frescor único e característico. O nome Vinho Verde vem do verde dos vastos e verdejantes campos e montes da região, é o que dizem. Mas facilita pra memória associar o Verde com o frescor dos vinhos. Mas, afinal, o que é uma Denominação de Origem ?? Aqui vamos usar a abreviação DO . É uma região delimitada onde o produto em questão (aqui falamos de vinho, mas existe DO de várias coisas, como queijo, por exemplo) deve ser produzido, respeitando as regras do órgão

QUAL VINHO É BOM?

 Nossa, quantas vezes escuto essa pergunta... Não só eu, todos os profissionais do vinho "Qual vinho é melhor?" "Me indica um vinho BOM ."  "Ah, tem muito vinho ruim no mercado." Primeiro de tudo precisamos ter bem entendido o que é um vinho bom e um vinho ruim . Muitos dizem: "Vinho bom é o que você gosta.", "Vinho bom é caro.", "Vinho chileno que é bom" Concordo em partes com a primeira afirmação: se você gosta, é bom, mas  pra você.  Só não queira que o mundo todo ache a mesma coisa. Gosto é gosto, né. Pra mim, vinho bom é vinho correto, sem defeito. Um vinho sem defeito mostra um trabalho bem feito no vinhedo e na vinícola, que a safra foi boa e o enólogo é bom, que processo foi conduzido com esmero. Daí dentro da categoria dos vinhos sem defeitos tem aqueles meio sem graça, que você toma e esquece dele minutos depois, não é marcante. Isso não quer dizer que seja ruim, entende? Posso até ter achado o vinho sem graça (muit

Bendito aplicativo

Mesmo sendo enóloga de formação, tenho trabalhado na área comercial faz algum tempinho e inúmeras vezes me deparo com pessoas desinformadas que pecam na hora da compra. Primeiro de tudo: ninguém sabe tudo sobre vinho. Porém, o profissional provavelmente conhece muito mais daqueles vinhos da prateleira do que você. Se não tem certeza, pergunte. Vá fazer sua compra de vinho onde tem um profissional para te orientar, dar dicas, tirar dúvidas. Agora no século XXI, na era digital em que tem aplicativos para tudo que a gente imagina (e muita coisa que a gente não imagina e nem precisa também), existe um tal aplicativo em que as pessoas anotam as informações, suas impressões sobre o vinho e também dão nota. Essa nota que a pessoa dá ao vinho entra no cálculo da média da nota. Se você procura por um vinho, tem as informações e também a nota média de todos que o avaliaram no aplicativo. Muitos usam apenas como se fosse uma agenda, para se lembrarem dos vinhos que já tomaram e se g

Reservado, Reserva e Gran Reserva

Muita gente me pergunta sobre essas denominações nos rótulos dos vinhos, "o que quer dizer?", "qual o melhor?", "por que é tão caro?", etc. A última pergunta nunca tem uma resposta simples. Até pouco tempo atrás não havia na legislação brasileira nenhuma norma para tais títulos, bem como não há regulamentação em muitos países sul-americanos. O nome Reservado não tinha nada associado a ele, a não ser a semelhança com a palavra Reserva para confundir o consumidor brasileiro. Porém, em fevereiro do ano passado foi publicada uma Instrução Normativa que muda isso. Nessa IN são definidos o que são Reservado, Reserva e Gran Reserva, além de instituir uma nova categoria de vinho, o Vinho Nobre. Vamos começar pelas categorias de vinho: Vinho de Mesa - é o vinho feito de qualquer tipo de uva, geralmente são usadas as uvas americanas e híbridas, as mesmas usadas para fazer suco; Vinho fino - é o vinho feito exclusivamente de uvas finas, da espécie Vitis vi

Rolhas e outras tampas

Me pediram para escrever sobre rolhas e demorei muito para decidir sobre uma abordagem para o tema, já que tem muitos influenciadores digitais e especialistas que já escreveram sobre o tema, explicaram de onde vem a rolha de cortiça e quais são as alternativas conhecidas. Acredito que a grande maioria dos apreciadores já sabe que tradicionalmente se usa rolha de cortiça, que vem da casca da árvore chamada de Sobreiro e que o maior produtor de cortiça do mundo é Portugal, responsável por mais da metade do total. A cortiça é usada por sua flexibilidade e porosidade tal que veda para líquidos mas permite uma minúscula passagem de ar, o que é desejado no caso de vinhos de guarda. O que muitos não sabem é que já existem rolhas sintéticas de alta tecnologia com porosidade similar à da cortiça e com a vantagem de os poros estarem uniformemente distribuídos pelo polímero (o que não ocorre nas rolhas de cortiça, já que é um produto natural e os poros são irregulares, chegando a ocorre

A influência dos influenciadores

Alguns amigos e conhecidos me sugeriram mais de uma vez que eu poderia ser uma blogueira, influenciadora digital, Youtuber (ou seja lá como se escreve tudo isso) sobre vinhos, já que estudei e ainda estudo o assunto. Ainda não sei se aceitei ou não a ideia, só sei que gosto de falar e escrever sobre o assunto apesar de não escrever com muita frequência (criei o blog mas esqueço dele às vezes, desculpem). A verdade é que não quero ser mais uma no meio de tantos outros sem saber se não vou ser confundida com mais uma caçadora de curtidas sendo que quero ser uma educadora, quero ajudar, instruir, tirar dúvidas. A internet é uma vasta fonte de informações e é ótimo que os enófilos estejam cada vez mais interessados em buscar conhecimentos. Cada dia surgem novos influenciadores digitais ditos entendidos do assunto, desde sommeliers, enólogos até outros enófilos que gostam de compartilhar suas experiências e que têm um número astronômico de seguidores. Alguns postam análises bastante comp